quinta-feira, 16 de agosto de 2007

As bolsas e a economia real II

Professor Argemiro Luís Brum

Em primeiro lugar, a correção era esperada! Nada justificava a Bovespa render cerca de 50% nos últimos 12 meses enquanto a economia real apresentava um crescimento ao redor de 4%. Tal comportamento se verificava também, guardadas as proporções, nas demais bolsas mundiais.

Em segundo lugar, era evidente que o sistema de empréstimos, sem grandes controles, ao setor imobiliário dos EUA, criando uma bolha de crescimento no mesmo, não tinha bases sólidas já que a oferta de imóveis era bem maior do que a demanda. A inadimplência do setor era questão de tempo!

Em terceiro lugar, aquilo que começa como sendo uma correção técnica, junto aos ativos negociados em bolsa, continua posteriormente na economia real, determinando recuo nos ganhos das principais empresas, sem falar nos investidores individuais. É o que começa a ocorrer!

Em quarto lugar, este processo parece estar em seu início e teremos ainda algumas semanas de turbulência pela frente, com mais quedas nos ativos mundiais.

Em quinto lugar, a liquidez mundial deverá sofrer um abalo e diminuir. Esta liquidez, que vinha originando condições de crescimento importante mundo afora, ao recuar, provocará uma conseqüente freada nas economias reais. O Brasil, embora melhor preparado, sentirá isto mais do que a maioria dos países, pois deixou de aproveitar os últimos cinco anos de bonança econômica mundial ao não reformar sua estrutura estatal, visando maior competitividade.

Em sexto lugar, tal movimento corrige o câmbio, mesmo que ainda de maneira insuficiente, na direção de uma paridade considerada mais realista (R$ 2,50). Na prática, apenas um fenômeno internacional poderia provocar uma correção cambial.

Enfim, os juros internos deverão parar de cair e até mesmo voltar a subir, inclusive a Selic, comprometendo o crescimento para 2008.

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